As vezes preencher o tempo ocioso é um exercício desgastante de reflexões pessoais. Entre um nada e outro, fico pensando e repensando a vida, tentando encontrar em alguma das linhas e entrelinhas da minha história alguma coisa que faça eu me sentir melhor.
Normalmente, começo percorrendo minha infância e adolescência, tentando reavivar as cores dos sonhos que tive nesses momentos, mas quando descortino a maioria dessas lembranças, não encontro lugar no meu dia a dia que me permita tornar  realidade qualquer desses planos. É estranho e confuso, como à luz do dia, quando a vida segue o seu curso, construindo a cada instante e a um só tempo toda a história desse mundo e de todos nós, tudo aquilo que no contexto da nossa existência individual parecia tão especial e grandioso no silencio da noite precedente, parece frágil e sem importância.   
Como acreditar que entre bilhões de pessoas e infinitas histórias sofridas e grandiosas, meus sonhos pudessem vir a luz e transformarem esse mundo pela minha perspectiva? À luz do dia tudo é relativizado e perde o seu valor quando se caminha em direção a qualquer extremo. Tudo parece tão fulgaz e efêmero que a alternativa mais plausível, parece sempre ser a mais rápida e palpável. Nesse contexto, eu me abandono, me traio e acabo  agustiado procurando atender a todos os meus anseios sem saber a qual deles dar prioridade. Volto pra casa ao final do dia perplexo e absorto nesse emaranhado confuso de idas e vindas do meu espírito desnorteado, me perco no contexto dos muitos personagens que vivo em meus devaneios e muitas vezes, sem saber a qual deles acudir, sigo sem saber quem sou.
É como diz Machado de Assis pela consciência imortal do seu Dom Casmurro: “ao tentar reatar os fios órfãos que despontam do tecido em que se desnovela a historia da minha vida, muitas vezes falta a mim mesmo”.
 
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